domingo, 26 de dezembro de 2010

A Cidade das Mulheres


Titulo original: La Cittá Delle Donne
Ano de Lançamento: 1980
Gênero: Fantasia
País: Itália
Direção: Federico Fellini
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0080539/

Assistir a um filme de Fellini é como ter um sonho erótico polido, sem, contudo deixar de lado a obsessão pelo sagrado feminino. Exorcizado de padrões de beleza, que dão lugar as mais puras fantasias. Há de se dizer que a imagética feminina na visão de Fellini é dotada de misticismo. Figuras femininas aos montes, idolatradas a enxame de deusas em imagens que beiram ao inconsciente. O alter ego de Fellini (Marcello Mastroianni) representa o sexo masculino como um ser inadaptável num meio hipnótico e alucinante, dominado em quantidade pelas mulheres. No entanto, o homem não representa o Patinho Feio ou a interferência externa que compromete a perfeição da obra. O homem – e aqui me refiro a todo ser do sexo masculino - é a peça que dá sentido aos questionamentos femininos, sem com isso, tentar entende-los. Enquanto elas dominam, impõem suas vontades e desejos mais profanos, o homem assiste a tudo inerte, confuso e atordoado, porém maravilhado e entorpecido pelo espetáculo circense, espetáculo que só muitas mulheres livres de quaisquer princípios de condutas éticas e morais, reunidas num ambiente onde as leis da física não imperam podem oferecer.

Fellini não nos presenteia com uma visão machista, nem tampouco feminista. Ele demonstra metaforicamente a visão que o homem tem da mulher e a posição social que elas assumem perante o homem, onde o homem é ora reverenciado ora julgado e a mulher é revolucionária, dotada de liberdade e poderes punitivos. Em A Cidade das Mulheres, Fellini – Mastroianni – Snapóraz se encanta por uma bela ragazza em um trem e ao descerem ele a segue pela floresta, entrando num prédio lotado de mulheres que participavam de uma convenção feminista. A partir daí, nem mulher nem homem é perdoado. Todos são estereotipados assumindo ambiguamente títulos de vitimas e culpados. A liberdade narrativa com uma falta total do senso de realidade permite representar exageradamente o conflito dos sexos, expondo os dois lados sob a ótica do sexo menos favorecido em quantidade: um homem em crise de meia idade, receoso a entender o universo feminino, que a toda hora busca fugir daquilo que ele caracteriza como um pesadelo. 

As mulheres de Fellini são as que ele vê em seus sonhos, por isso, são caricatas e estereotipadas. É assim que ele conseguia percebê-las. E de que forma melhor para mostrar a realidade do que num modelo que estabelece um padrão? Daí vem a imagem das feministas lésbicas que enquanto exemplificam a forma com que os homens subjugam as mulheres, procuram de forma animalesca novos nomes para a “Prometida”, da mulher oprimida que assume diversas tarefas no lar enquanto cumpre suas obrigações matrimoniais para com seu senhor, das adolescentes punks que levam o “tio” Mastroianni à beira de um ataque de nervos e as mulheres maduras, misteriosas, envolventes, cuja sabedoria causa medo. A esposa de Snáporaz mostra a dualidade da esposa prisioneira de sua própria condição e do homem que se sente impelido a trair frente a infelicidade da esposa.
É comum relacionar a estrutura de sonho como uma loucura grotesca, sem qualquer brecha para entender os objetivos do realizador. De fato, esse seja o filme de Fellini menos abastado de um alicerce narrativo. Não é a toa que é um dos seus últimos filmes, que a um espectador que o encare de forma pragmatica e gradual, nada verá além de uma mistura de imagens sem rigor e sem método, tal qual um sonho. Talvez a forma de dominar a estrutura filmica de Fellini seja encarar suas obras como divertidas fantasias.


Servidor: Torrent P2P
Formato: AVI (1,5 gigas)
Áudio: Italiano
Legendas: Português

Link para Download: http://cinemacultura.blogspot.com/2009/08/cidade-das-mulheres-1980.html

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1


Titulo original: Harry Potter and the Deathly Hallows - Part 1
Ano de Lançamento: 2010
Gênero: Aventura
País: UK/USA
Direção: David Yates
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0926084/

É a adaptação do último livro da série escrito por J.K Rowling, Dividido (R$) estrategicamente (R$) em duas partes. A primeira parte repete mais uma vez o tema central da trama: a disputa maniqueista entre Harry Potter e Você Sabe Quem. Mais uma vez o trio parada dura (Harry, Hermione e Ron) deve enfrentar desafios para impedir que Você Sabe Quem obtenha um imenso poder. A história é baseada na lenda das relíquias da morte, contada de forma primorosa numa animação de sombras coloridas e pontiagudas. A lenda aborda as origens das Horcruxes: amuletos que dariam o poder supremo a Você Sabe Quem. Harry deve encontrar os amuletos para impedir a ascensão do Lorde das Trevas.


Nos filmes anteriores, as falhas de atuação e a pouca carga dramatica dos protagonistas eram compensadas pelos eficientes e talentosos coadjuvantes. Dessa vez, o trio ganha um voto de confiança e assim como no ínicio da vida adulta, saem debaixo das saias dos coadjuvantes e nos brindam com belas atuações. Assim como no livro, o filme foca a saga de Harry, Hermione e Ronnie na busca pelas Horcruxes. O roteiro pela segunda vez em toda a série (a primeira foi com O Prisioneiro de Azkaban) consegue ser inteligente e oferece todos os recursos possiveis para que os atores ofereçam o melhor de si, que o diga a fotografia cuidadosamente escurecida, os eficientes efeitos visuais e os cenários paradisiacos e contemplativos.

Esse é um Harry Potter atípico, onde reinam a solidão e o desespero. Foram incluidas cenas  de torturas, inclusive com um pouco de sangue. Em alguns momentos, o trio utilizou métodos pouco educativos para alcançar seus objetivos. O papel de destaque dos Elfos em nenhum momento demonstrou incoerência com a seriedade da obra. Há ainda a divertida e excêntrica Luna Lovegood, que parece estar sob efeito de drogas pesadas o tempo todo (the lunatic is on the grass) e contribui para evidenciar um humor mais refinado para a série.

Contudo, o amuleto que eles deveriam destruir mais parecia um anel do poder (LOTR) e aquela troca de feitiços no bar lembrava um pouco Pulp Fiction. Tirando esses lapsos de falta de originalidade, é notável o tamanho desenvolvimento dos três personagens principais. Rupert Grint prova que é um bom ator fazendo Ron Weasley demonstrar toda sua angústia, Emma Watson faz Hermione Granger se libertar das conseqüências da primeira menstruação e Daniel Radcliffe faz um Harry Potter amadurecido e quase preparado para a batalha final. 
Os fãs histéricos e fantasiados de bruxinho de outrora já estão mais maduros e receberam um obra digna de tal adjetivo, que mais parecia um cult do que um arrasa quarteirão apoteótico. De bruxinhos fofinhos, de romances de adolescentes politicamente corretos, de joguinhos de quadribol e de clichês infantis - ao aprofundamento da amizade, aos diálogos inteligentes, as cenas simples, porém ternas e a todo um significado envolvendo a trama, que com toda certeza prepara o terreno para uma parte 2 cheia de ação - ação com significado. Dessa forma, a divisão da obra em duas partes foi valida, lucrativa para a Warner e que agrada aos novos e antigos fãs ou ainda, apenas aqueles que curtem um bom filme.


Download: é disponibilizado apenas para filmes de difícil acesso, que no caso, não se aplica ao filme em questão.